sexta-feira, 14 de agosto de 2009

"Evoé, solteiros!”, por Marli Gonçalves




Recebi esse texto de uma outra jornalista... e amei... divido com vocês, claro...


E amanhã, dia 15, dia dos solteiros !!!!! PARABÉNS GALERA !!!!




Quem criou, não sei, nem sei exatamente o que se pretende com ele. O fato é que 15 de agosto é o Dia do Solteiro. E foi aí que tudo começou: quando pisaram no meu calo de solteira, sem filhos, e eu chiei.


Um dia eu ia ter de voltar nesse assunto, não ia ter jeito. Que seja agora, então, quase um ano depois, na data que deve – só pode - ter sido criada para todos lembrarem, comentarem, falarem de nós, os solteiros.


Talvez para dar presente? Boa idéia.


Ou para trazer o assunto à tona; dar-lhe visibilidade.


Nas eleições do ano passado, descobri instantaneamente que levantei a voz por mim e para defender praticamente toda uma categoria, um tipo muito especial de pessoas. E que categoria!


Que tipos! Que personalidades! Quando escrevi Solteira, sem filhos. E daí?- recebi – juro- milhares de correspondências.



Inclusive o que me motivou até a continuar escrevendo as coisas, sob meu ângulo, sob o meu ponto de vista, que também é o seu.


Muitos dos meus leitores dizem que se identificam e se sentem identificados em alguns destes sentimentos.

Identificam-se como solteiros - muitos até sem o ser, ou por seus filhos, que o são! Ou solteiros, com filhos, que essa modernidade chegou a pegar moda, durando um tantão.


Ou como desejando o tanto de uma parcela, de algo, de solteiros, que muitos também gostariam de ter. Até então, inconfesso.


O mundo rodou. Sacanagens e outros temas à parte, Kassab eleito; Marta, solteira de novo; outra campanha se aproximando, embaralhada, copas com dama, sem dama, com damo, sem damos; com valetes sem espadas e paus, mas com ouros, muitos ouros...


E tem solteiro que ainda não se entendeu enquanto tal, para um lado ou para o outro. Acha que é solteiro porque ninguém o quis e fica triste, se deprime.


Não pensa que é porque também não encontrou a quem quisesse de verdade, cego por padrões, ou abarrotado de moral.


Ou ainda de impossíveis listas de preferências a serem preenchidas.



Gente! Ticar toda a lista não dá!


Coitado se o analisado fuma - item que tem aparecido.

Ou está desempregado.

Ou anda arrastando o pé.

Ou se erra a roupa no primeiro dia.

Se não parecer o do sonho, escapa só se for lindo, rico, alto, magro, esbanjador e muito espirituoso para aguentar a desfeita.


Só assim ganha tempo para se apresentar melhor?


Ei, por que os solteiros andam tão rabugentos, tão perfeccionistas?

Tem também muita gente problemática, que acaba mesmo é ficando solteira.

E tudo bem, meu bem.

Os casados podem ser solteiros também. De cabeça. Os viúvos de verdade podem ter sido solteiros a vida inteira e nem sabiam.


Muita gente se separa só para virar solteiro, ter esse prazer, ou pelo menos um pouco desse conhecimento, dessa arte.


Nem que seja por um tempinho apenas, mas pouco, que também tem gente que não aguenta muito.


Tem de ter alguém para chamar de seu, para fazer de saco de farinha.


Ser solteiro é um prazer, um estado de espírito – deveria ser mais entendido assim.


Você pode, por exemplo, passar algumas horas do seu dia solteiro, se tiver um canto onde te deixem em paz, por menor e mais humilde que seja. Com suas coisinhas, suas referências, suas manias, seus cheiros.


Quando se entende um pouco mais o que é ser solteiro, tornamo-nos mais legais.


Os nossos cérebros são solteiros. Acho até que ficamos mais atraentes, escutem só!


Menos possessivos, ciumentos, mais prestativos e carinhosos, principalmente nos momentos "carência total”, lua cheia, período de acasalamento.


Conselho para você que nos escuta nesse momento: Pode usar.

Mas não tente fechar a gaiola.

Deveríamos inclusive ser valorizados como ativos da Bolsa de Futuros.

Simples.


A gente fica mesmo mais confiante quando consegue saber que pode se virar sozinho, para tudo quanto é lado e canto; trabalha, cria, pensa e consegue se meter e sair de situações justas.


Inclusive, confiante com seus próprios hábitos; e mais tolerante com os dos outros.


Pelo menos, deveria ficar.


Os hábitos mais sagrados podemos até dividir, ou não, dependendo do grau de intimidade a ser desenvolvido. Para um amigo, um amor, um amante. Para o colega ou para o camarada. Cada qual em um patamar.

Um pouco mais damos para o parceiro e amigo. Com poucos fechamos a porta do banheiro, tomamos banho, bebemos ou dançamos na boca da garrafa.


Os solteiros são seres muito seletivos.

Muito sensíveis.


Mas tem o outro lado, o da independência.

De dormir de meia, de touca, com roupa de monstro, ou pelado total.

De ladinho ou agarrado no travesseiro.

Com o tal gato, cachorro ou papagaio na cama.

Com a luz ligada, piscando ou apagada.

Com a janela aberta ou fechada.


O importante de ser solteiro é ter os controles na mão: o remoto, o da água quente, do som da casa, da tevê ligada junto, fora o possível e indefectível lanchinho na cama! O controle do que vai e do que vem.

Do que fica. E por quanto tempo fica e em quais condições.


Ser solteiro é ter controle de para quem se abre ou fecha a porta. Controle de quem sabe sobre sua vida mais do que você mesmo.

São Paulo, cidade governada por solteiros, para todos e muitos mais.


Dia 15 deste ano vai cair no sábado, não vale feriado.


Beijinho cultural de hoje: Evoé – Expressão de entusiasmo, exaltação, intensa alegria. Brado de evocação a Baco nas orgias.



(Marli Gonçalves, jornalista, solteira, das sem filhos. De vez em quando precisa de alguém para abrir o vidro de azeitona ou a lata da manteiga e as tampas de refrigerante pet que andam muito duras (reparou?). Será marketing de relacionamento, ou uma estratégia para exterminar os que gostam mesmo dessa vida?)


ATENÇÃO: Por favor, ao reproduzir esse texto, não deixe de citar os e-mails de contato, e o site onde foi publicado originalmente, www.brickmann.com.br

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